To_kyo * Kyo_to * To_kyo


Teclo em Kyoto. Recordo Tokyo.
Quem acompanhou as traduções dos artigos da fbf que fui publicando por aqui, estará a par dos ritmos com que nos fomos movendo.
Encontramos um Japão diferente do antecipado. Nas vésperas da nossa reunião em palco, com membros já em cena e alguns a caminho, foram emitidos assim à última hora radicais diferentes cenários dos até então prometidos.
O Japão que nos acolheu, enquanto equipe de mangas arregacadas para o trabalho, escondeu-se na vontade de esquecer o que lhe aconteceu, embalado pelo estímulo e pressões sociais para correr para uma rotina saudosa.

É gritante a energia do desânimo e acomodação, camuflada num estado de sonambulismo. Acena-se que a situação é grave mas escolhe-se um desvio que, em vez que acelerar um progresso, amarra um parte da força - sugando e aniquilando silenciosamente.
A adesão ao trabalho oferecido foi mais fraca em números do que desejaríamos, mas alentadamente acolhida e abraçada - fazendo-nos recordar que as dádivas são canais de oferta desapegada, valorizando qualquer um dos presentes no potencial que cada um é.

Sim, gostaríamos de ter trabalhado mais, ter interagido com mais.
Pessoalmente, mais uma vez encontro-me com deliciosas oportunidades de valorizar as dádivas na distinção do apego do resultado, do reconhecimento ou valorizações exteriores. Afastando-me mais uma vez das ideias de quantidade e abraçando com ainda mais vigor o louvor à qualidade - que creio que reside na genuinidade da entrega pura. Entregando-me.

Quem efectivamente nos acolheu, sorriu agradecido pela oportunidade de abraçar a simplicidade e eficácia das ferramentas partihadas.
Estivemos com pessoas que acederam às formações pela primeira vez; e com voluntários que já haviam estado presentes nas formações de Maio. Os segundos, trouxeram experiências do trabalho em campo - deliciando-nos com as histórias dos seus sucessos e enriquecendo debates de profundidade ao trabalho em curso.

Os agradecimentos foram solenes, engrandecidos pela gentileza japonesa.

Um dos novos participantes numa formação, que dirige um centro comuntário em Sendai, comentava que teme os próximos tempos nos quais, inevitavelmente, as pessoas começarão a ter que acordar e tomar decisões face a uma reconstrução mais cuidada de quem são e como querem viver.
As crianças mimetizam os pais e têm encontrado refúgio nos mundos virtuais dos jogos solitários, escapando a manifestação de emoções. Os pais, encurralados entre um trabalho necessário para a manutenção de um estilo de vida ou para a criação de novas oportunidades de vivência, absorvem-se nas rotinas que, sem alternativa, encerram um ciclo vicioso.
Na zona norte do país, multiplicam-se divórcios entre mães que querem proteger os seus filhos, saindo com eles para zonas mais seguras, e pais que se sentem obrigados a ficar para trabalhar. A grande maioria da população nestas condições, não tem alternativas. Muitos ainda pagam a casa que desapareceu..

Se recordarmos que tudo isto acontece num país que tem como tradição a contrição de emoções efusivas, em que tudo - para o bem e para o mal - é cuidado ao pormenor, percebemos o quão pernicioso pode ser este estado de nação.

Missão cumprida, na consciência de que fizemos o melhor que podíamos dentro das condições reunidas; de que deixamos sementes prontas a seguir o trabalho de germinação, e termos também sido brindados com a oportunidade de acompanhar as que frutificam.
Não há prognósticos para um regresso, embora todos percepcionemos o quanto importante seria continuar com o trabalho. Mas ele tem que verdadeiramente desejado e, enquanto o desejo global se mantiver no esquecer e camuflar, dificilmente se escolherá um caminho de aceitação e transformação - por mais eficaz que ele possa ser.



Da minha experiência pessoal, adiciono o desafio de me fazer integrar numa equipa já ritmada com missões em curriculum, da qual me despedi com a certeza dos laços universais que nos seguirão conectando.



* ARIGATO GOZAIMASU !!



PS - próximo artigo revelo a foto vencedora do sorteio:)




Este artigo foi publicado a partir de um equipamento carinhosamente cedido pela TBstore.

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