Habilitando voluntários japoneses para cenários de desastre e catástrofe


(tradução livre do artigo escrito e publicado pela fbf, aqui: Fortunate Blessings @Japan)

Sete meses após os devastadores eventos de 11 de Março terem colocado o Japão numa crise-pesadelo, a degradação ambiental pode agora ser quantificada na paisagem que circunscreve as zonas mais afectadas.Se antes a palavra 'hotspot' fazia referência a um local onde poderíamos encontrar um forte sinal wi-fi, agora no Japão a palavra está directamente relacionada com sinais de alerta para focos de emissão de radioactividade - sejam sarjetas na rua, pátios escolares ou até praças municipais.

O governo continua apenas focado no controlo dos estragos em detrimento de apostar em reais soluções, à medida que o impacto deste desastre segue em exponencial crescimento - a um ritmo que nunca se imaginou possível.


O nosso regresso a esta resiliente nação insular, prometido após o sucesso da primeira missão em Maio, revela-se uma desafiante provação.

No início, os grupos com quem trabalhámos na nossa primeira visita anunciaram anciosamente o desejo de adquirir mais conhecimentos e ferramentas sobre como trabalhar com crianças traumatizadas pelo tremor de terra, tsunami e a subsequente constante ameaça da radiação.No mês anterior à nossa chegada, um dos grupos manifestou preocupação em não ter capacidade de acolher todos os voluntários alinhados para participar na nossa formação. Organizámos a equipa e apontamos esforços para a acção: confirmando hotéis com condições especiais, tradutores, voos, e demais ingredientes necessários - optimizando um eficiente uso do nosso tempo para o mais abrangente impacto possível.


A primeira acção de formação desta missão ocorreu no passado sábado, no espaço de encontro do Kizuna Project, onde já havíamos trabalhado anteriormente. Apesar de haverem comparecido menos voluntários do que havíamos previsto, os participantes receberam mais do que uma simples apresentação dos exercícios ou manual de suporte à compreensão do trauma - que previamente já havíamos difundido.


William Spear, que desenvolveu os exercícios após o tsunami de 2004 na Indonésia, deu início à sessão de 3h com uma exploração de como o trauma causa impacto nas crianças, e o que os voluntários podem fazer para ajudar a atenuar estes factores, com vista à prevenção da DSPT (Distúrbio de Stress Pós-Traumático).

Sadao Miyamoto, enquanto tradutor, mais uma vez acompanhou o grupo dando voz no idioma nativo e colocando a correspondência em kanji das palavras registadas no quadro - já que a maioria dos participantes falava muito pouco ou nada de inglês.Após um curto intervalo a equipa removeu cadeiras e mesas para criar espaço, e Jonah Spear conduziu o grupo ao longo de 10 exercícios, com pausas ocasionais para especificações mais detalhadas de como libertar tensão, desenvolver a flexibilidade, e exteriorizar emoções reprimidas, de uma forma segura, num ambiente de diversão isento de ameaças. A sessão terminou com os participantes e facilitadores sentados em círculo, partilhando as suas experiências.

Comentários e feedbacks confirmaram que a formação, assim como as restantes agendadas para os próximos 10 dias, vão ajudar não só a aliviar os voluntários no seu próprio desconforto e limitações face ao trauma, mas também fornecer uma mais significativa preparação para saberem lidar com futuros eventos, possam eles ocorrer.


Comprometidos com a missão de ensinar homens a pescar, em vez que simplesmente lhes comprar jantar, este grupo de voluntários irá seguramente utilizar o que aprenderam naquela tarde, tanto agora como no futuro.A próxima formação no Kizuna Project ocorrerá no dia 29, e está aberta a todos os que desejarem juntar-se ao grupo.Os resultados de inquéritos em uso nestas sessões, que avaliam o nosso trabalho, serão partilhados em artigos próximos.


Mais fotografias aparecerão também brevemente.



Este artigo foi publicado a partir de um equipamento carinhosamente cedido pela TBstore

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